terça-feira, 23 de junho de 2009

Palavras de D. António Carrilho, Bispo do Funchal

Palavras do Sr. Bispo no Congresso das Misericórdias
Palavras de D. António Carrilho, Bispo do Funchal,
Funchal, 13 de Junho de 2009
Já foram ditas muitas palavras, partilhadas muitas iniciativas, perspectivados muitos projectos, neste IX Congresso das Misericórdias Portuguesas, que está a terminar.
Da minha parte, como mensagem para este momento, bastaria recordar as palavras que vos dirigi, em especial, na homilia da Missa da Festa do Corpo de Deus. Na sua simplicidade apontam para o fundamental cristão, que é a vivência e o testemunho do amor-caridade, a grande “marca” de quem se coloca no seguimento de Jesus.
Agora, pouco mais tenho a dizer-vos. E quero começar por saudar cada um e cada uma de vós, que voluntariamente personificais, dais a vossa vida, o vosso tempo, pelas Santas Casas espalhadas por todo o nosso Portugal. Dou Graças a Deus por todos e por todas. São muitos milhares os que usufruem desse vosso bem-fazer, principalmente neste tempo de maiores carências.
Remontando à história, sóis vós, hoje, as pessoas boas das aldeias, vilas e cidades, que acolheis o convite, o desafio régio, de vos constituirdes em Irmandades, em Santas Casas de Misericórdia.
As Santas Casas têm como compromisso fundacional a prática das 14 Obras de Misericórdia. É o repto de cada tempo, a provocação de todos os tempos, o grito do nosso tempo.
As obras de misericórdia, tais como as recordamos no Capítulo 25 do Evangelho de S. Mateus, são diversas formas de expressar o amor-caridade, pelo qual havemos de ser julgados, diante de Deus: “Tive fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-Me de beber; era peregrino e Me recolhestes; estava nu e Me vestistes; adoeci e fostes visitar-Me; estava na prisão e fostes ver-Me.” Onde e quando é que fizemos isso? “Sempre que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos a Mim mesmo o fizestes” (cf. Mt 25,34-46).

A acção social e caritativa da Igreja, partindo desta Palavra de Jesus, coloca-nos diante de todas as pessoas e de cada pessoa, olhando a sua realidade muito concreta, as suas necessidades básicas e fundamentais, não olhando, repito, apenas para o foro espiritual e religioso: tudo aquilo que é humano deve ser atendido e merecer a nossa atenção, sempre que se manifestam necessidades.
A Santa Casa da Misericórdia do Porto fez chegar a todos os Bispos de Portugal, e penso que a todas as Senhoras e Senhores Provedores, uma publicação sobre as 14 Obras de Misericórdia, apresentadas por autores particularmente ligados à sua vivência. São leituras actualizadas e experimentadas, à luz da Doutrina Social da Igreja. Certamente uma oferta que todos agradecemos e um convite que aceitamos, cada um de nós e cada Santa Casa, de bebermos desta fonte que nos pode animar e fortalecer.
Faço este convite e desafio os presentes a meditarem em cada uma das Obras de Misericórdia e a partilharem a sua própria vivência como os outros membros da Irmandade. Neste tempo de crise pedem-nos que façamos tudo e mais alguma coisa. Sabemos que podemos fazer muito, mas também sabemos que nem tudo cabe no “Compromisso”, que herdámos. Ao longo de séculos foram as Santas Casas que sempre acudiram ao nosso povo nas mais diversas crises da história … E hoje, estamos sempre atentos e disponíveis para acolher os últimos, os mais indefesos, os mais carenciados? Quem são eles, afinal? Nunca percais de vista a vossa identidade, o que sois e a quem servis!
Termino, evocando a padroeira, Nossa Senhora da Misericórdia, a quem consagramos o presente e o futuro das Santas Casas, pedindo as maiores Bênçãos para os actuais e futuros Irmãos, Dirigentes, profissionais, utentes e benfeitores, e que nunca faltem recursos e apoios para novos projectos e para os projectos de sempre.
Parabéns e obrigado a todas as Santas Casas por tudo quanto foi feito, até hoje, e por tudo o que tendes em projecto fazer, com fé, confiança e coragem, sulcando as 14 Obras de Misericórdia.

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