domingo, 15 de agosto de 2010

Ministério da Saúde continua sem explicar fecho de urgências sociais

Misericórdias
Oposição critica fecho de SAP sem alternativas
por DIANA MENDES

Ministério da Saúde continua sem explicar fecho de urgências sociais

A história repete-se. Depois do que aconteceu com a reforma das urgências no SNS, o fecho dos SAP das Misericórdias deixa milhares de utentes sem alternativas viáveis no serviço público. A opinião partiu de vários grupos parlamentares contactados ontem pelo DN. A decisão anunciada pela Administração Regional de Saúde (ARS) Norte foi "uma surpresa".

Ontem o DN noticiou que 80 mil utentes já tinham deixado de ter acesso ao serviço de dois hospitais das Misericórdias, em Vila Verde e Póvoa de Lanhoso, mas que mais de metade destas unidades já tinham sido avisadas da intenção de rescindir. Pelo segundo dia consecutivo não foi possível obter uma justificação por parte da ARS e do Ministério da Saúde.

Fonte do Bloco de Esquerda reagiu à notícia, mostrando "surpresa pelo facto de não se ter esperado pela publicação da portaria que iria regular o protocolo já assinado em Março". Clara Carneiro, deputada do PSD, desconhecia o caso, mas recordou de imediato o que se "passou com o fecho dos SAP em serviços públicos. Estas unidades equiparam-se e agora ficam sem procura. O Estado devia ter visto se não era uma alternativa barata para as necessidades". E lamentou que "não se tivesse pensado primeiro em alternativas".

O Bloco apontou o mesmo problema: "No fundo, estão a prejudicar 80 mil utentes sem encontrar soluções. Muitos são acompanhados por médicos destas unidades e estão em situação carenciada." Na segunda-feira, o grupo parlamentar vai fazer um pedido de esclarecimento ao Ministério da Saúde sobre esta situação e sobre as alternativas para os doentes.

Teresa Caeiro, do CDS-PP, diz que as unidades não devem ser deixadas de fora "sobretudo numa altura em que já se espera há quatro meses pela portaria que irá ditar os preços e o número de actos que as misericórdias vão fazer".

Do lado do PS, Maria Antónia Almeida Santos mostra alguma cautela perante o desconhecimento do que esteve na base da decisão. No entanto, e mesmo tendo em conta que os SAP eram uma área fora do protocolo, considera que nestas matérias "fazia sentido que a análise dos cuidados a prestar pelas Misericórdias integrasse a portaria que será publicada. Dos dados de que disponho, esta decisão pode ter que ver com a reorganização dos cuidados. Mas estranho que o tenham feito sem alternativa. Espero que estes doentes não fiquem sem cuidados muito tempo", avança.

O protocolo foi anunciado em Março, assumindo a necessidade do apoio do sector social para dar resposta atempada no SNS. Teresa Caeiro lamenta que, ao fim de meses, "os doentes continuem à espera. Parece que não há vontade política, apesar de o protocolo ter sido anunciado publicamente".

DN

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