domingo, 31 de maio de 2009

Intenção do Governo de aumentar em 2,7% os descontos das IPSS para a Segurança Social

31 Maio 2009 - 00h30
Discurso Directo: Padre José Maia
“É um acto hostil contra quem tenta ajudar”O Padre José Maia, Presidente da Fundação Filos, falou ao 'CM' sobre a intenção do Governo de aumentar em 2,7% os descontos das IPSS para a Segurança Social.
Correio da Manhã – Como vê a intenção do Governo de aumentar em 2,7% os descontos das IPSS para a Segurança Social?
Padre José Maia – Honestamente, espero que seja só um rumor. Querer acreditar que um Governo, num momento de crise em que há cada vez mais pessoas a precisar de ajuda,queira cobrar mais a quem ajuda não é possível.
– Mas a proposta consta no Código Contributivo que está a ser discutido.
– Então, essa decisão só pode ser encarada como um acto hostil contra quem tenta ajudar. É uma iniciativa que manda um sinal errado às IPSS. Se for para a frente prevejo uma grande convulsão no seio das instituições de acção social.
– Em que sentido?
– É um desrespeito pelo trabalho das IPSS. Quem ajuda deve ser ajudado e não o contrário.
– Vai ser complicado manter os empregos com estes aumentos nos encargos?
– Os gastos com a massa salarial já representam 38 por cento dos encargos das IPSS. Para manter os trabalhadores, nesse novo contexto, vai ser muito complicado.
– Acredita que as IPSS se vão mover para contestar esta medida?
– É preciso que façam ouvir a sua voz. Porque isto nem ao Diabo lembra. Enquanto presidente da União das Misericórdias Portuguesas, negociei com António Guterres uma descida de 21,5 para 19,5 por cento de taxa social única. Até queríamos baixar para 15 por cento, de forma a conseguirmos dar seguro de saúde aos empregados. Era a única forma possível de isso poder acontecer, mas não foi possível. Mas não posso acreditar que o ministro Vieira da Silva esteja a par disto.
– Como? É o ministro responsável pela Solidariedade Social.
– Não acredito que o ministro Vieira da Silva dê o seu aval a esta proposta. É alguém que conheço bem e esta iniciativa só pode ter sido feita à sua revelia. É uma medida que pura e simplesmente não pode apoiar.
Pedro H. Gonçalves
CM

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