terça-feira, 21 de setembro de 2010

• 20-09-2010 •
Sociedade
por Fernando Cardoso Ferreira
(Presidente do Conselho Nacional da União das Misercórdias Portuguesas)

As Misericórdias em Portugal
Existem actualmente em Portugal cerca de 400 Misericórdias, espalhadas pelo Continente e pelas Regiões Autónomas dos Açores e Madeira.
Muitas delas têm mais de 500 anos e todas foram fundadas pelos chamados “Homens Bons“ em cada terra, ou criadas pelos Reis e Rainhas, por Decreto Régio.
A sua missão foi, e continua a ser, prestar cuidados básicos aos mais necessitados, essencialmente na doença, na alimentação e na guarida.
No seu património, desde sempre, a maior parte dos bens provém da generosidade dos cidadãos, em vida ou postumamente por via testamentária, o que ainda hoje se verifica.
São constituídas por sócios, que a elas aderem expontâneamente, a que se dá a designação de Irmãos, e geridas por membros eleitos em regime de voluntariado, isto é sem vencimento.
A Igreja Católica, nomeadamente através das suas Congregações e Ordens Religiosas sempre esteve muito próxima das Misericórdias, sem contudo com elas se confundir na sua génese.
Essa proximidade foi aumentada, especialmente a partir de 1974, quando muitas Misericórdias Portuguesas, face à instabilidade política que então se vivia, requereram à Igreja Católica o reconhecimento do seu estatuto, através da chamada Erecção Canónica.
As Misericórdias Portuguesas têm hoje, no sector social, em substituição do Estado, um papel de grande relevo no apoio aos portugueses mais desfavorecidos económica e socialmente.
Valências como Lares de Alojamento, Apoio Domiciliário, Centros de Dia, Jardins de Infância, ATLS, Lares de Apoio a Idosos Dependentes, Apoio a Crianças e Jovens em Risco, Serviços de Refeições, entre outras, minoram as dificuldades de muitos milhares de portugueses.
Também na área da saúde, através de hospitais e clínicas de medicina física e de reabilitação, e da Rede de Cuidados Continuados Integrados, de cujo total de camas no País, em 2011, representarão cerca de 70%, prestam as Misericórdias inestimáveis serviços a milhares do nossos concidadãos.
Para além de isso, as Misericórdias são hoje uma referência de estabilidade, (e criação), de emprego para todos aqueles, em número muito significativo, que nelas trabalham, facto que nos tempos em que vivemos tem enorme importância social.
Talvez por tudo isto surjam às vezes apetites gulosos de apropriação do seu património histórico, cultural, e físico… por parte de quem menos seria de esperar.
Fernando Cardoso Ferreira - 20-09-2010 11:53

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